ATA DA TRIGÉSIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 01.10.1998.

 


Ao primeiro dia do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e seis minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Marco Antonio Figueiredo Luz (Fughetti Luz), nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 202/97 (Processo nº 3450/97); à entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo ao Diretor de Teatro Nestor Monasterio, nos termos do Projeto de Resolução nº 13/97 (Processo nº 1460/97); e à entrega do Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao Cineasta Carlos Gerbase, nos termos do Projeto de Resolução nº 14/97 (Processo nº 1462/97), Projetos estes de autoria do Vereador João Motta. Compuseram a MESA: o Vereador João Carlos Nedel, Vereador da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor José Fortunati, Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Altamir Arroque, representante do Procurador-Geral de Justiça; o Senhor Andréas Sydow, representante da Secretaria Municipal de Cultura; os Senhores Marco Antonio Figueiredo Luz, Nestor Monasterio e Carlos Gerbase, Homenageados; o Vereador João Motta, proponente das homenagens e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças das Senhoras Janete Luz, Heloísa Palaoro e Luciana Tomazi. Também, foi registrada correspondência relativa à solenidade, recebida do Senhor João Gilberto Lucas Coelho, Secretário Extraordinário para Assuntos da Metade Sul. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional. Após, concedeu a palavra ao Vereador João Motta que, em nome da Casa, analisou a importância da cultura dentro da sociedade atual, declarando que o Título e os Prêmios hoje entregues representam o agradecimento e o reconhecimento de toda a comunidade porto-alegrense ao trabalho realizado pelos Homenageados em prol da cultura gaúcha. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador João Motta e o Senhor José Fortunati a procederem à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Marco Antonio Figueiredo Luz; convidou o Vereador João Motta a proceder à entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo ao Diretor de Teatro Nestor Monasterio; e convidou o Senhor José Fortunati a proceder à entrega do Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao Cineasta Carlos Gerbase. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Carlos Gerbase, Nestor Monasterio e Marco Antonio Figueiredo Luz, que agradeceram a homenagem recebida da Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e dez minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Carlos Nedel, nos termos do artigo 27 do Regimento, e secretariados pelo Vereador João Motta, Secretário “ad hoc”. Do que eu, João Motta, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel):  Senhores e Senhoras, boa- noite. Esta Sessão Solene é destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Marco Antonio Figueiredo Luz (Fughetti Luz), à entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo ao diretor de teatro Nestor Monasterio e à entrega do Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao cineasta Carlos Gerbase.

Convido para fazer parte da Mesa: o Sr. José Fortunati, Prefeito Municipal em exercício; o Sr. Marco Antonio Figueiredo Luz, o Sr. Nestor Monasterio e o Sr. Carlos Gerbase, nossos homenageados; Dr. Altamir Arroque, representante do Procurador-Geral de Justiça, e Sr. Andréas Sydow, representante da Secretaria Municipal de Cultura.

Convidamos todos os presentes para que, em pé, ouçamos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. João Motta está com a palavra. Ele falará como proponente e pela Bancadas do PT, PTB, PDT, PPB, PMDB, PSB, PFL e PPS.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Exmº Sr. Presidente João Carlos Nedel, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa e os presentes.)

Eu quero falar aqui, brevemente, em nome das Bancadas já citadas, da importância desse ato. Nós, que não só na Câmara, mas também nos demais parlamentos, falamos muito sobre a cultura, falamos, por exemplo, sobre a forma de melhor financiar a produção cultural local. Debatemos, por exemplo, a melhor forma de tornar o que se produz aqui culturalmente acessível ao conjunto da sociedade. Discutimos aqui, no Orçamento do Município, do Estado, o quanto de verbas será destinado para a cultura. Enfim, são vários temas que compõem a agenda que envolve a cultura na nossa Cidade, no nosso Estado. Entretanto, é necessário que, em alguns momentos, a Cidade tenha um pouco mais de intimidade e se confesse para aqueles que têm produzido muito, não apenas sob o ponto de vista da produção econômica propriamente dita, mas uma produção que requer um talento especial, que é o talento dos nossos artistas e dos nossos produtores culturais. Portanto, é importante que este momento nós simbolicamente o registremos para que não haja nenhuma dúvida de que o nosso Poder Legislativo Municipal, através do conjunto das suas bancadas, por mais plural que seja, por mais divergências que tenhamos sobre a agenda que envolve o tema da cultura, estabelece o mínimo de consenso. E esse mínimo de consenso representa, talvez, o máximo do nosso esforço como Vereadores da Cidade, que foi fazer o reconhecimento a essas três figuras, esses três talentos, pelo que já produziram, produzem e continuarão produzindo - cultura para todos nós -, reconhecimento que mereciam da nossa parte.

Portanto, nessa breve fala, externo aqui o reconhecimento pessoal, creio que de todos os Vereadores, pelo que representam o Gerbase, o Nestor e o Fughetti para a nossa Cidade, para o nosso Estado. Repito: é uma forma mais íntima, mais direta, mas são momentos necessários para que não haja nenhuma dúvida, na nossa relação com a Cidade, desse reconhecimento.

Eram essas as palavras, os nossos agradecimentos. Confesso aqui que, depois de muitas idas e vindas, o Nestor acompanhou isso; o Gerbase, o Fughetti também. Até já tínhamos feito uma festa com o Fughetti, no Bar Opinião, quebrando o protocolo e entregado o Título de modo simbólico. Mas hoje é para valer, Fughetti. Vais receber mesmo o Diploma de Cidadão de Porto Alegre. É uma forma mais íntima, mais sincera de expressar, não só o meu sentimento pessoal de amizade com os três, mas um sentimento de reconhecimento da Cidade de Porto Alegre. É um reconhecimento necessário que estamos fazendo para que não fique nenhuma dúvida a respeito da nossa visão, do nosso reconhecimento.

É desnecessário, também, fazermos um arrazoado sobre a obra dos três. Estamos, a cada dia, acompanhando espetáculos, apresentações, “shows” dos três. Estamos, sem dúvida nenhuma, diante de três grandes talentos que mereciam esse reconhecimento por parte da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Um abraço a todos. Parabéns. A Cidade de Porto Alegre está de parabéns por esse ato. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos de comunicar que estão presentes, como extensão da Mesa: a Sra. Janete Luz, esposa do Sr. Fughetti Luz; Sra. Heloísa Palaoro, esposa de Nestor Monasterio; Sra. Luciana Tomazi, esposa de Carlos Gerbase, além dos filhos, amigos e demais convidados dos homenageados.

Gostaríamos de ler uma mensagem do Sr. João Gilberto Lucas Coelho, Secretário Extraordinário para Assuntos da Metade Sul, dirigida ao Presidente desta Câmara e aos três homenageados: “Venho pela presente agradecer o honrado convite para a Sessão Solene destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Marco Antonio Figueiredo Luz (Fughetti Luz), à entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo ao diretor de teatro Nestor Monasterio e à entrega do Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao cineasta Carlos Gerbase. Lamento não ser possível comparecer à cerimônia em função de compromissos com as funções que exerço. Ao inteiro dispor de V. Exa., subscrevo-me. Atenciosamente, João Gilberto Lucas Coelho.”

É chegado o momento importante da efetiva entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Marco Antonio Figueiredo Luz (Fughetti Luz).

Convido o Ver. João Motta para fazer a entrega do Diploma, e o Sr. Prefeito Municipal, Dr. José Fortunati, para que entregue a Medalha.

 

(São entregues o Diploma e a Medalha.) (Palmas.)

 

Tenho a honra de pedir ao proponente, Ver. João Motta, que faça a entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo ao Diretor de Teatro Sr. Nestor Monasterio.

 

(É feita a entrega do Prêmio.) (Palmas.)

 

Tenho a honra de convidar o Sr. Prefeito Municipal, José Fortunati, para proceder à entrega do Prêmio Eduardo Abelin ao Cineasta Sr. Carlos Gerbase.

 

(É feita a entrega do Prêmio. ) (Palmas.)

 

O Sr. Prefeito Municipal pede escusas por ter que se afastar por compromissos inadiáveis. Nós agradecemos muito a sua honrosa presença para prestigiar este evento de entrega de títulos a pessoas tão importantes e prêmios tão importantes. Obrigado, Sr. Prefeito.

Eu tenho a honra de conceder a palavra ao Sr. Carlos Gerbase.

 

O SR. CARLOS GERBASE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Boa-noite às pessoas que estão aqui presentes e que, de um certo modo, estão demonstrando que a cultura é importante para a Cidade, é importante para o Rio Grande do Sul, é importante para o País. Essa coisa é tão óbvia e clara para todos nós, mas não foi, pelo menos para as pessoas que fazem cinema, durante um bom tempo.

Nós atravessamos, nos últimos anos, momentos de quase zero em produção, zero filmes. Nós não tínhamos nem a possibilidade de falar mal do cinema brasileiro porque não havia mais filmes brasileiros sendo feitos. Isso deve ser lembrado a cada vez que ficamos alegres, para termos consciência de que cada filme feito é uma vitória contra pessoas que acham que não é importante fazer cinema, que não é importante fazer peças de teatro, que não é importante haver peças de teatro, que não é importante fazer música. Nesse sentido, um prêmio como este é muito importante. As pessoas que fazem cinema recebem durante a vida vários sinais de que estão fazendo coisas erradas: é o filme que não dá certo, é a equipe que briga contigo, são as expectativas criadas contra o teu esforço e que não acontecem do jeito que tu querias. Isso é uma coisa muito complicada. Mas quando temos um sinalzinho de que alguma coisa fizemos e deu certo, quando temos o reconhecimento, um prêmio num festival, algumas palmas quando o filme termina ou um prêmio como este, um prêmio importante dado pela Cidade, pelo Município, pelas pessoas que convivem conosco, isso é muito legal, é muito bom mesmo, é muito importante.

No diploma está o meu nome, mas vocês devem saber que ninguém faz cinema sozinho, e o maior cineasta vivo hoje é incapaz de fazer um filme sozinho. Cinema é uma atividade que, necessariamente, tu fazes com a tua turma, com o teu bando, com a tua equipe. De modo que, depois de alguns anos fazendo cinema, a coisa mais legal para mim é que tenho companheiros e companheiras que têm essa pretensão de fazer cinema. Hoje formamos um bando organizado, e em Porto Alegre existem outros grupos, outras produtoras fazendo cinema. Eu acho que o cinema brasileiro, o cinema gaúcho, depende muito desse ajuntamento de pessoas, que significa uma união de talentos, mas significa também a união de muito esforço, muito trabalho. É um trabalho que durante anos não aparece e que, depois de muito suor, está ali o filme.

Quero dividir esta homenagem, este prêmio com meus companheiros da Casa de Cinema de Porto Alegre - o Jorge, a Ana, o Giba, a Nora e a Luli -, porque sem eles eu não faria cinema, e o Rio Grande do Sul não teria hoje alguns filmes muito importantes. Sei de muita gente que está a fim de fazer cinema por aí. Como eu dou aula de cinema, estou sempre encontrando pessoas que me dizem: “Quero fazer um filme. Como se faz cinema?” Eu sempre digo: “Vai procurar a tua turma, junta as pessoas. Tem que ser um esforço coletivo”. Nesse sonho de fazer cinema, uma pessoa sozinha não faz nada.

Agradeço muito a vocês. Divido este prêmio com todas as pessoas que tentam fazer filmes aqui na Cidade e no Estado. Agradeço do fundo do meu coração por vocês estarem aqui. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho a honra de passar a palavra ao homenageado Sr. Nestor Monasterio.

 

O SR. NESTOR MONASTERIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Dependo, como todos nós, da magia do mundo, da vida. Um dia tiraram-me de onde eu morava, na Argentina. Saí correndo, e a primeira coisa que encontrei foi uma cidade chamada Porto Alegre. Fui me hipnotizando, fui ficando, me apaixonando. Fiquei. Estava dentro de uma coisa maior, que era Brasil, uma coisa estranha que também foi me hipnotizando, e fui encontrando outras casualidades. Eu não sabia falar português e, como quem não sabe ensina, fui ensinar teatro, dirigir.

Hoje eu senti uma coisa muito importante: senti que faço parte da paisagem. Eu faço parte de Porto Alegre, faço parte do Brasil. Isso me apresenta como diretor brasileiro, quando a gente sai para fora. E é muito bom! Esse prêmio não é pessoal. Esse prêmio é para o teatro que a gente faz, para a arte. Não é para mim; é para a nossa turma: é para o Carlos Cunha, para o Schmidt, para o Ben Hur, Flávio, Artur, o Paulinho, para todos que têm o pensamento fixo. Apesar das crises das Bolsas, dos esquecimentos culturais dos diversos setores, dos esquecimentos locais dos meios de comunicação, apesar de tudo isso nós temos uma coisa enorme para fazer: nós temos que fazer teatro, nós temos que fazer ele funcionar, andar, e eu sou parte disso. E isso, hoje, está me dando este Diploma, o que me deixa extremamente orgulhoso, extremamente feliz. Obrigado, um beijo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Sr. Marco Antonio Figueiredo Luz.

 

O SR. MARCO ANTONIO FIGUEIREDO LUZ: Agradeço a presença de todos. Fico muito orgulhoso e honrado por poder ter feito música durante toda a minha vida e por continuar a fazer e por ser parte, agora, desta Cidade que tanto amo e de deixar o meu trabalho para que as próximas gerações possam dar continuidade. Agradeço ao Ver. João Motta, à minha filha, querida Janete, por acompanhar a minha vida de ”rocker”.  E, ao invés de ficar falando e agradecendo, vou cantar uma canção.

 

(Canta uma canção.) (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaria de cumprimentar o Ver. João Motta, que soube expressar o reconhecimento de Porto Alegre à cultura de nossa Cidade. A Presidência da Câmara de Vereadores agradece sensibilizada ao Ver. João Motta porque ele realmente soube traduzir o sentimento que passa por todos os cidadãos de Porto Alegre. Obrigado, Ver. João Motta. Porto Alegre lhe agradece por este reconhecimento e por essa sensibilidade. Parabéns.

Convidamos os presentes para ouvirmos, em pé, o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

(Encerra-se a Sessão às 20h10min.)

 

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